Meus pais sempre foram dependentes (pesado, eu sei, mas é isso mesmo) de café. Preto. Puro. Passado na hora. Quando criança, eu não trocava meu leite com Nescau por nada, mas gostava do aroma de café fresquinho exalando pela casa, cedo pela manhã.
Não sei explicar direito, mas o tal cheirinho me dava uma sensação de paz. Talvez porque a expressão no rosto dos meus pais também mudasse ao término da primeira xícara. Em lados opostos na mesa da cozinha, o olhar de cada um parecia dizer agora sim, o dia pode começar.
Nos almoços de família, a expectativa em torno do café após a refeição me deixava curiosa. Volta e meia, eu tentava fazer parte da função arriscando um gole, mas o sabor amargo arrepiava até o último fio de cabelo. Era como se meu cérebro perguntasse: what the fuck?
Desisti do café até meus 20 e poucos anos.
Não era amor, era chocolate
Pouco tempo depois de sair da faculdade, me apaixonei perdidamente por um francês. Ele estava em Porto Alegre para um doutorado sanduíche na Universidade onde eu começava o mestrado e, por conta disso, éramos colegas em algumas disciplinas. Naquela época, minha dose diária de cafeína se resumia a uma latinha de Coca Zero e um bombom.
O namoro foi curto, levei um pé na bunda que doeu por mais tempo do que ficamos juntos, mas o saldo, ao fim das contas, foi positivo: aprendi a gostar de café. Ele nem tinha planos de me ensinar, mas me mostrou que escrever uma dissertação à base de Coca Zero poderia não render tanto quanto eu imaginava.
Sendo naturalmente formiga, expliquei que não queria depender de açúcar ou adoçante para beber o famigerado ouro preto (como um dia o café foi conhecido). Ele captou a mensagem e me apresentou uma metodologia própria. O momento do test drive foi escolhido a dedo: uma aula chatérrima após o almoço. Entrei na sala e avistei meu lugar guardado. Sentei ao lado dele e, na minha mesa, me aguardavam um copinho de café passado e um chocolate Refeição. A orientação era simples: comer um pedaço antes, beber uns goles depois, e assim vai.
Talvez tenha sido o chocolate, talvez eu só estivesse muito apaixonada, mas a estratégia deu certo. Meu coração saiu rachado dessa história, mas a dissertação foi concluída com sucesso – e sem Coca Zero.
A jornalista que me habita
O Dia do Jornalista é celebrado em 7 de abril. Já no 14, sete dias depois, o Dia Mundial do Café. Até onde eu saiba, não há relação entre uma data e outra, salvo o fato de o café salvar muitos jornalistas. Ainda assim, fiz uma rápida pesquisa e descobri que existem três datas para celebrar o café. Você pode saber mais sobre isso aqui e aqui.
Hoje, visto com orgulho a camiseta do time “…but first, coffee”. Acordo, ligo a cafeteira, passeio os cachorros, volto e me sirvo. Se sobra tempo (e energia), preparo um pão com manteiga para acompanhar.
Tal como na infância, desconfio que a paz mundial tenha cheiro de café fresquinho, passado na primeira hora da manhã. Café não costuma falhar.
Para avançar na semana
Uma música, um filme, um podcast…uma dica, enfim, para deixar o dia melhor:
Hoje encerro com dicas de três perfis para acompanhar de perto:
Faz um tempo que comecei a seguir a Gi Coutinho, do Pura Caffeina, porque queria aprender a melhor forma de armazenar café. É lógico que o perfil dela tem muito mais que isso. Vem aprender junto!
Tá em Porto Alegre? Recomendo fazer uma pausa e curtir um ouro preto preparado pelo pessoal do Abuela Café e Torrefação (com sorte, você será recebido pela estagiÁUria mais querida do mundo).
E pra deixar claro que eu não estou incentivando ninguém a ficar mais tempo nas redes, mas, sim, a consumir conteúdo (e café) de qualidade, compartilho esse post da Querida Sanidade (para quem me acompanha, já falei dela aqui).
That’s all folks! Obrigada a todos que assinam, curtem, comentam, compartilham. O apoio de cada um, cada uma, é muito importante para mim!
Guria, eu não gosto de café! Às vezes me sinto tão sozinha 😂😂😂
O momento de moer e passar um cafezinho num sábado preguiçoso de manhã é muito bom, pena que agora mais raro. Troquei pelo David fazendo café pra nós na Nespresso, mas tá valendo! <3