A crônica de hoje seria sobre outro tema, mas meu ascendente em Gêmeos decidiu mudar tudo na última hora.
Na verdade, eu estava escrevendo sobre coincidências quando uma grande coincidência apareceu no meu feed de Instagram (tiktokers, me julguem).
Uma foto coisamaisfofa (e que eu perdi) anunciava 26 de agosto – ontem – como o Dia Mundial do Cachorro. A crônica estava quase pronta, mas como eu poderia deixar essa data passar, tendo eu dois filhos caninos?
Pois bem.
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Minhas amigas sempre foram “cachorreiras”. A chata era eu. Não é que não gostasse, só não embarcava muito na emoção de abraçar e beijar e afofar. Preferia eles lá e eu cá, aquela história de cada um no seu quadrado, sabe?
Eu estava nos meus vinte e poucos quando tive um rolo enrolado com um cara que morava num apertamento com um border collie. O flerte não durou muito, mas guardei a imagem do moço me explicando que a decisão de ter um cachorro surgira por conta do medo de se tornar um “velho sozinho, rancoroso e maniático”. Lembrei disso quando meu irmão avisou que se mudaria e o apartamento que dividimos por 14 anos passaria a ser “só” meu.
Comecei a pesquisar cachorros disponíveis para adoção.
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Jornalista que sou, não começaria uma história sem antes realizar uma boa pesquisa e consultar fontes confiáveis. Já havia decidido por adotar uma fêmea e que castraria assim que possível. O porte? O nome? Bem, isso eu decidiria depois.
Era um desses sábados ensolarados de inverno quando vi que uma ONG que cuida de cães e gatos promoveria uma festa junina com feira de adoção. Lembro de chegar ao local, uma casa antiga, e percorrer uma reta até os fundos, no pátio. De repente, avistei um ursinho no colo de uma pessoa.
— Oi… É tua?
— Não, não… sou voluntário, ela está para adoção.
Só lembro de pegar aquela bolinha de pelos no colo, meio tremendo, meio se aninhando em mim, quando ouvi meu irmão dizer:
— Acho que tu vai ter que decidir rápido, tá todo mundo olhando...
A Chloé completou dez anos no último junho. Minto diariamente para mim mesma que ela viverá mais duas décadas (eu sei que não, mas não vou perder tempo com isso agora). Ao longo desse tempo, eu me tornei a mais cachorreira das minhas amigas; aprendi que a obrigação do passeio é, na verdade, um presente dela pra mim; entendi que as coisas rasgadas e roídas são, acima de tudo, coisas, e que um focinho geladinho é capaz de esquentar muitos corações.
PS - Eu não esqueci que mencionei antes sobre ter dois filhos caninos. Aguardem.
Para avançar na semana…
Meu ascendente é em Gêmeos, mas meu Sol é em Touro. Então, aqui vai uma dica de filme com comidinhas ma-ra-vi-lho-sas (sério, é literalmente de dar água na boca). Uma mesa farta para enfrentar o frio que parece ter vindo de vez para as bandas de cá.
Assista > O Sabor da Vida, com a sempre fantástica Juliette Binoche.
Acontece que eu também acho que estou apaixonada pela Chloé, e agora?? Sem condiçoes essas patinhas cruzadas <3
Lindo texto.
Ter um (ou mais de um) cão é essencial pra ter felicidade. <3