Quantas vezes desviei da morte?
Pensei nisso enquanto passava por um grave acidente de trânsito no caminho de volta pra casa, na tarde do último sábado. Um ônibus amassado se dividia entre corredor e pista. Próximo a ele, um carro completamente desfigurado.
Entre sirenes de ambulância, orientações de “azulzinhos” e turistas de tragédia, passei o mais rápido possível da cena toda. Fiz um sinal da cruz, porque no creo en las brujas pero que las hay, las hay, e segui meu caminho.
Fiquei pensando nos tempos da faculdade, quando tirava “fininho” de alguns carros ao atravessar a rua correndo, atrasada para a aula, na esperança de conseguir subir no ônibus. Eu driblava a morte pelo menos três vezes na semana.
Talvez fosse a ingenuidade da juventude, talvez eu confiasse demais nos meus joelhos, mas lembro da sensação de vai dar tempo! que acabava tão logo a buzina de um carro decretasse: sua maluca! Então, eu subia no ônibus e finalmente processava o quão diferente tudo poderia ter sido caso eu tivesse errado por menos de milésimos de segundos.
De quantos “quase” você já escapou?
Com o tempo, eu aprendi a lição, mas não sem ainda levar alguns sustos. Dia desses, eu percorria o caminho de volta pra casa quando escutei o Tiago:
— TÁ FECHADO!
Eu não tinha visto. Eu simplesmente não tinha visto. Era uma esquina que eu dobrava com frequência, e com frequência o sinal está aberto ali. Fui no automático. Novamente, tirei a sorte grande. Parei a tempo, respirei fundo, pedi desculpas, seguimos. No silêncio do restante do caminho, lembrei da voz de Gal Costa: atenção ao dobrar uma esquina…Atenção, precisa ter olhos firmes.
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Qual é a sua pressa?
Trouxe aqui os exemplos da minha própria imprudência e falta de atenção justamente porque, faz um tempo, venho observando o caos no trânsito de Porto Alegre (a qualquer dia, em qualquer horário). Sei que não sou a primeira a questionar, mas, pelo visto, ainda não encontramos a resposta: para onde vamos com tanta pressa? Viver é correr riscos, mas, como dizem os gringos: don't push your luck.
Para avançar na semana
Leia > Uma estranha na cidade, da . Um dos meus achados em uma das edições da Feira do Livro de Porto Alegre, essa obra da Carol reúne crônicas sobre a vida nas cidades (não falo mais que é para você descobrir por conta própria). Por aqui, ela está à frente da ótima
. Duas dicas em uma ;)Ouça > Divino, maravilhoso. Lógico que música não é sobre segurança no trânsito, mas ainda bem que foi a eterna Gal que iluminou o restante do meu caminho aquele dia. Atenção para o refrão!
Ah, esse quase
Esse momento perturbador de processar o quase
Aí vc tem filha e descobre que o quase vem em dobro
Socorro 🥲
Tô presa no questionamento "qual é a sua pressa?". Andamos no automático, driblando o tempo e com isso nos entregando a própria sorte.
Excelente texto, amiga!