Pedi que 2024 fosse um ano de mudanças.
Julho mal havia começando quando quase me afoguei no mar de coisas acontecendo.
Entre começar um novo trabalho, a reforma da futura casinha e exames que não podiam esperar, a newsletter foi prejudicada. Confundi datas, antecipei o primeiro aniversário e atrasei o disparo. Me perdi completamente no meio das mudanças que eu mesma havia pedido.
Não satisfeita, insisti na possibilidade de manter o cronograma original e simplesmente escrever e publicar enquanto lia o que estava em atraso. Eu estava pronta para adentrar a madrugada quando percebi que a melhor coisa que eu poderia fazer era dormir. Fechei o computador, olhei para o Tiago e disse em voz alta, como se assim fosse mais sério: não vai dar.
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Faz um tempo eu tento não ultrapassar qualquer limite que possa prejudicar minha saúde mental, mas volta e meia eu também penso só mais um pouquinho. Ok, sei que estou falando de uma newsletter que depende apenas de mim para ser publicada, e não um compromisso com uma conceituada publicação que poderia ser prejudicada pelo meu atraso.
Tentei me consolar com as notícias do mundo: se Joe Biden pode dar um passo atrás, quem sou eu? Felizmente, minha decisão não exigia prestar explicações a uma nação, mas, nas devidas proporções, recuar doeu. Doeu justamente porque só dependia de mim e não havia mais nada a fazer a não ser me render ao cansaço e, bem, descansar.
Desacelerar ou mesmo parar pode dar a impressão de que estamos aceitando a derrota quando, na verdade, só estamos recuperando o fôlego ou, em alguns casos, recalculando a rota. Isso tem mais a ver com parar de insistir no que não faz mais sentido do que propriamente desistir de algo que se deseja. Trata-se de uma inteligente (e necessária) estratégia para seguir em frente.
No caso de Joe Biden, não acredito que será possível disputar uma nova eleição, mas no tempo dele, ele conseguiu ser - e ainda é - presidente dos Estados Unidos. No meu caso, parar para recuperar o fôlego permitiu absorver melhor as mudanças ao me redor. Eu havia pedido por elas, não é mesmo?
É piegas, eu sei, mas as coisas têm um jeito próprio de se reorganizar e dar sentido ao quebra-cabeça da vida. A gente insiste em (querer) acreditar que tem controle, mas só precisamos lembrar de respeitar o tempo.
Sobretudo o nosso.
Para avançar na semana
Leia > Tá todo mundo tentando, a sempre genial newsletter da . “Entre a ideia na cabeça e a criação realizada existem universos inteiros que nascem e morrem, eras geológicas que vem e vão, impérios que ascendem e caem.”
Assista > Xógum - A gloriosa saga do Japão. Talvez eu tenha sido altamente influenciada pelas indicações do Emmy, mas a série fez por merecer. A cada episódio, doses de uma sabedoria milenar inquestionável. Para assistir com calma.
Parar e respirar pra seguir em frente deve ser o normal e não mais visto como algo ruim! E que venham as alegrias das mudanças!
"recalculando rota" – adorei o conceito e peço licença para começar a usar imediatamente 🙂