Se tem algo que eu tenho propriedade para falar, é sobre ser solteira. Calma, esse texto não é um guia prático sobre como curtir a solteirice (mentira, é um pouco também).
Fui solteira boa parte da minha vida, minhas amigas podem confirmar. Não vou ser hipócrita e dizer que, nesse meio tempo, eu não queria um namorado ou mesmo celebrar o 12 de junho. A questão é que, apesar de solteira, eu não me sentia sozinha. E essa sempre foi a parte mais difícil de explicar.
Saber apreciar a própria companhia, na minha humilde opinião não solicitada, deveria ser disciplina na escola. Hoje o tema de casa é… ficar com você mesmo. Pode ler um livro, assistir televisão, ouvir música, dançar no meio da sala ou no quarto, desenhar, cozinhar, desde que esteja acompanhado apenas de si mesmo. Conheço muitas pessoas que encarariam a tarefa como um verdadeiro castigo.
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O que me faz odiar o Dia dos Namorados é justamente a necessidade que muitas pessoas têm de mostrar que não estão sozinhas. Podem até estar mal acompanhadas, mas solteiras no 12 de junho? Jamé!
Entra ano, sai ano, tenho a impressão de que nenhuma data especial bate a forçação de barra do Dia dos Namorados nas redes sociais. São 24 LONGAS horas de fotos de olhares trocados ao pôr do sol, beijos sob a Torre Eiffel, poses no dia do casamento. Todas com muitos filtros e, claro, acompanhadas de legendas igualmente artificiais: meu amor, minha vida, meu tudo.
E no 13 de junho, cadê o amor? E no 12 de setembro? E no 27 de maio? Por isso, digo: estar solteiro é beeeem diferente de ser sozinho. Ou você acha que as pessoas não se sentem sozinhas mesmo estando em um relacionamento? É aí que entra o tema de casa que eu falei lá em cima.
Saber apreciar a própria companhia é um bom caminho para o autoconhecimento (mas, por favor, não saia da terapia!). E o autoconhecimento nos ajuda a tomar decisões melhores. Dividir uma garrafa de vinho e um post no 12 de junho é barbada. Difícil mesmo é encontrar alguém merecedor da sua companhia nos outros 364 dias do ano. Mas isso ninguém posta.
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Antes que pensem que eu tenho sangue de barata: o amor é lindo, sim, em todas as suas cores e formas. E se você faz questão de posts e flores e bombons e ursos de pelúcia no Dia dos Namorados, ótimo! Tudo vale, desde que o sentimento seja honesto e recíproco.
A começar pelo amor próprio.
Não desvia teu olhar
O Rio Grande do Sul ainda precisa da tua ajuda, e precisará por um bom tempo! Hoje encerro com uma dica de perfil e outra de evento:
» A VVolunteer é um ótimo caminho para quem quer saber mais sobre trabalho voluntário em diferentes frentes. Eles promovem inúmeras aulas gratuitas sobre o tema, além de ter um grupo no Whatsapp e uma ótima newsletter para se manter informado!
» E para quem estiver em Porto Alegre neste final de semana, o Instituto Ling promove a Feira do Livro Reconstrói RS, para apoiar o mercado editorial gaúcho. Dias 14, 15 e 16 de junho, entrada gratuita. :)
Obrigada a cada um, cada uma, que assina esta newsletter! Se você gostou do que leu, compartilhe com a família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho. O apoio de todos e todas vale muito! Até breve ;)
Amei o texto, mais uma vez! Aí já mudaram a data para ser somente comercial e nada mais. Aqui nos EUA, a data - obviamente celebrada também pelos casais, é mais sobre o amor. Crianças nas escolas fazem cartões para seus “valentines”, os que são os amigos e familiares que amam e assim por diante. Meus amigos europeus já acham que aqui é demais sobre “casais” e não o amor em geral. Só respondo rindo: vocês não tem noção do que virou no Brasil, então…
Tenho a mesma impressão que você - que muita gente só tem medo da solidão e, por isso, aceita relacionamentos mais ou menos. O 12 de junho deixa bem claro. Amor próprio deveria ser pré-requisito pra muita coisa. Pena que, assim como educação financeira, não nos ensinem isso na escola.